sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A cultura do ganhar sempre
nos torna pessoas vulneráveis

             Seja na família, escola, clubes, igrejas ou em qualquer instituição organizada somos incentivados todo o tempo a ganhar sempre. Crescemos com essa ideia fixa na cabeça, essa auto sugestão que adotamos como verdade absoluta que nem nos damos o crédito da dúvida.
             Entretanto, a realidade, da qual não podemos fugir nem enganar, nos apresenta uma outra situação da qual não temos prepararão nenhuma: a obrigação de engolir um "não". Que difícil admitir que não se é bom, que ficamos entre os últimos por mérito, que não sabemos como agir, que estamos mais para Judas do que para Paulo.
             A dificuldade em perder, receber um não, provém do fato de que temos que lidar com isso sozinhos, para que haja um vencedor é necessário que alguém perca, e este alguém pode ser eu ou você. O triste é que ninguém nos ensina isso, aprendemos na raça, no crú e sem direito a metiolate.
             Precisamos adotar também o fato de que nem sempre venceremos, em alguns momentos vamos perder seja na classe ou na fuleragem, nem sempre vamos alcançar o que buscamos, vamos receber um, dois ou mais foras de alguém
             Como seres condicionados que somos, vamos começar a interagir de forma racional com a perda, o fracasso, os nãos que a vida nos reserva, porque querendo ou não eles passarão por nós. Não podemos escolher evitá-lo, mas podemos escolher como nos comportar diante e após eles.
             Aprendi que em apenas um único momento passamos do chão, fora isso, enquanto pudermos levantar vamos seguir adiante, até porque o negativo, o lado feio, o fracasso, a perda é outro lado da balança que mantém o equilíbrio. Sei que palavras não vão amenizar o sentimento de que não fomos bom o bastante, de que perdemos por incompetência, de que recebemos um fora porque não soubemos cativar o outro.
              O lado que desce e ás vezes rasta no chão não é sinônimo de inutilidade, mas de uma condição que ás vezes passamos por escolha própria ou somos jogados por forças das circunstâncias. Se tomarmos consciência disso o quanto antes nossos filhos ou protegidos agradecerão, já que por força maior vivemos em sociedade.
               Não há justificativa em esconder o que seremos obrigados a aprender pela pratica, ninguém vence ou ganha o tempo todo, nesta vida isso não é possível, então vamos começar a trabalhar também esse lado apontado como negativo, até porque ele é interpretado por pessoas reais que podem ser eu ou você.